O
A
INFLUÊNCIA DA CULTURA AFRICANA NA FORMAÇÃO DO POVO BRASILEIRO
FONSECA, Nilson da cruz. A influência da cultura africana na formação do povo brasileiro. 2011.
36 páginas. Licenciatura em História. Universidade Norte Do Paraná.
RESUMO
A
formação cultural do povo brasileiro foi um longo processo de formação e transformação
social de construção e miscigenação, desse modo, tivemos a fusão de três
culturas diferentes: o negro africano, o índio brasileiro e o branco europeu,
valendo ressaltar que a cultura branca e eurocêntrica predominou sobre as
outras duas culturas considerada inferiores. Porem, apesar de existir toda
segregação racial e social no Brasil colonial, a mistura de credos e culturas
aconteceu quase que naturalmente. De forma que o meio social onde os primeiros
colonizadores e escravos índios e negros se encontravam era propicio para uma
mistura, as grandes fazendas onde se explorava a mão de obra dos povos
dominados. Em suma, a influência cultural do negro africano teve forte
influencia na configuração cultural do povo brasileiro. Em síntese, apesar de
sermos um país miscigenado, os reflexos do passado colonial ainda persistem em
nossa sociedade, dessa forma, o preconceito, a pobreza e a exclusão social de
um Brasil desigual e injusto com o seu povo.
Palavras-chaves: Formação cultural –
Influência africana – Povo brasileiro – Miscigenação – cultura brasileira –
samba – carnaval- sincretismo - cultura- religiosidade.
Este presente trabalho tem como intuito
compreender a formação cultural do povo
brasileiro, assim como a influencia cultural africana na formação cultural
e social do Brasil. Esta pesquisa está
dividida em dois capítulos, sendo que o primeiro relata a formação cultural do
povo brasileiro e a importante influencia do elemento negro em nossa sociedade
colonial, bem como as suas respectivas influências na sociedade em geral:
costumes, religião, musica, miscigenação e[N1]
etc.
“Diversidade, universalidade, alteridade,
etnocentrismo, perspectiva crítica perante a ação colonialista, todas essas
ideias se tornaram importantes para as mudanças teóricas e metodológicas que
acompanharam as diferentes visões do conceito de cultura que vão sobrepondo”.
(CIRINO, P.06, 2008).
No
segundo capitulo, relatamos sobre o preconceito ainda existente em nossa
sociedade, sendo este fruto da escravidão. Ressaltamos ainda sobre a
singularidade do povo brasileiro, assim como os exemplos e reflexos de
resistência social e cultural do povo negro ao longo da história brasileira.
Devido a nossa formação cultural ser
multiétnica, a cultura brasileira é repleta de características e protótipos dos
povos africanos, portanto, somente observando os nossos costumes, valores,
religião e as manifestações culturais é iremos perceber quantas semelhanças que
existem entre o povo brasileiro e os povos africanos, todavia, a nação
brasileira tem muito mais semelhança com os africanos do que com os
portugueses, povo que colonizou esta terra.
“A cultura seria então um todo que abarcava
diversos aspectos como língua, costumes, crenças, sistemas simbólicos,
classificatórios do mundo e das pessoas, formas de troca, formas padronizadas
de comportamento e assim por diante”. (idem, p.10).
Contudo, apesar de sermos uma nação afro
descendente, sabemos que o preconceito e a discriminação racial é algo real e
institucional, uma vez que o estado não oferece politicas públicas para que
haja uma verdadeira inclusão social de todos os brasileiros. Porém, a nossa
cultura e o nosso povo tem uma persistência incomensurável, a determinação e a
resistência cultural é divisor de aguas nesta pátria tão amada e ao mesmo tempo
tão esquecida principalmente pelos governantes. “Segundo Cirino, o homem age de
acordo com padrões culturais determinados e não mais a partir de seus
instintos, a cultura seria um meio do povo se adaptar aos seus diferentes
ambientes ecológicos”. (idem). Sendo assim, os povos vindos da África se
adaptaram e construíram uma nova cultura, a cultura do povo brasileiro.
Esperamos contribuir com este trabalho para
melhor conscientizar as pessoas acerca da importância e contribuição da cultura
africana na formação do povo brasileiro, em fim, sabemos que apesar das
tentativas de segregação racial que houve durante o processo histórico, sabe-se
que cinquenta e três por cento da população brasileira se auto declaram negros
ou pardos. Portanto, a mentalidade do
brasileiro está mudando, principalmente quando as pessoas passam a aceitar as
suas origens étnicas, a autoestima e a identidade de nosso povo crescem e
enaltecem a nossa nação brasileira, mostrando que temos valores e princípios
tão somente brasileiros com resquícios de vários povos.
Podemos entender por cultura todo o conjunto
de manifestações culturais, sociais e religiosas de um povo, a cultura de um
povo é difundida pelo seu modo de vida, os seus valores étnicos, morais,
religiosos e sociais. Portanto, a cultura de uma nação é configurada ao longo
do tempo, desse modo, não se configura uma cultura planejada ou cronometrada,
uma vez que a identidade cultural de um povo é um longo processo o qual
acontece ao decorrer de varias gerações.
Cultura (do latim colere, que significa cultivar) é
um conceito de várias acepções, sendo a mais corrente a definição genérica
formulada por E Tylor
dward B. , segundo a qual cultura é “aquele todo complexo que
inclui o conhecimento”. as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos
os outros hábitos e aptidões adquiridos pelo homem como membro da sociedade. (Dicionario
Aurélio, 2009).
Todavia, todas as pessoas sejam elas nobres
ricas ou pobres, cultas ou analfabetas possuem conhecimentos, valores,
princípios e costumes os quais denominamos de cultura. Contudo, uma cultura é
construída por influências externas, pelo meio natural, social e religioso, uma
vez que tais princípios terão forte relevância na formação cultural de uma nação[N2] .
Assim, em uma cultura podemos construir o nosso modo de ser, pensar, viver e se
comportar, desse modo, não existe outro item que melhor expresse a identidade
de um povo ou nação se não pela cultura.
A cultura de uma
sociedade é concebida de forma unitária, homogênea e universal. Acreditar-se
existir uma cultura aceita e praticada indiscutivelmente valorizada, que deve
ser transmitida na escola, em nome da continuidade cultural da sociedade como
um todo. (LOPES apud França, 2010, p.42).
A cultura brasileira, por exemplo, é a alma
do nosso povo, uma vez que a expressão cultural reflete aquilo que realmente somos.
A expressão cultural é também uma forma de resistência, imposição ou resposta a
um sistema ideológico. No Brasil, por exemplo, existe uma diversidade cultural
muito grande, afinal a nossa sociedade é uma mesclagem de três elementos
diferentes; o negro, o branco e o índio, de modo que tal fusão cultural
originou-se uma cultura singular, o povo brasileiro.
Cultura é o resultado dos modos como os diversos grupos humanos foram
resolvendo os seus problemas ao longo da história. Cultura é criação. O homem
não só recebe a cultura dos seus antepassados como também cria elementos que a
renovam. A cultura é um fator de humanização. O homem só se torna homem porque
vive no seio de um grupo cultural. A cultura é um sistema de símbolos
compartilhados com que se interpreta a realidade e que conferem sentido à vida
dos seres humanos. (Dicionario Aurélio, 2011)
Desse modo, a cultura é um valor imaterial[N3] que
deve ser preservado como o mais sublime patrimônio de um povo, tendo em vista
que os costumes em geral revela a face de uma sociedade, por via da cultura
podemos entender o presente, o passado bem como pressupor o futuro de uma
nação, haja vista a força cultural que cada povo tem é sem duvida um forte
pilar na estrutura social tendo grande relevância na formação do caráter e do
modo de vida de um grupo, uma vez que a
existência precede a essência, ou seja, antes de um sujeito ser um ente
social e cultural, ele precisa existir para ser transformado e formado culturalmente,
em síntese, vir-a-ser. Segundo (LOPES apud França, 2010, p.44). A cultura ela
poderá ser padronizada de acordo com interesses elitistas.
Uma sociedade
dividida como a nossa, o movimento cultural em função de sua origem de classe,
produzindo a fragmentação cultural. A divisão social do trabalho engendra a
divisão social do saber e da cultura: há os que têm cultura e os que não têm.
Constituem-se assim, em rótulos culturais; cultura popular, cultura erudita, em
contrapartida, simultaneamente, existe um processo de homogeneização que busca
negar o caráter plural e multifacetado da cultura mascarando tanto o processo
de divisão social, quanto a diversidade e as rupturas associadas à cultura.
Portanto, uma estrutura social é entendida
como um conjunto de valores, princípios, ideologia e comportamento social que
forma a estrutura de um povo. A cultura é algo que flui naturalmente, mas
poderá ser algo também imposto ou controlado ideologicamente. Segundo o
dicionário Aurélio a cultura é um conjunto de estruturas sociais.
Conjunto das
estruturas sociais, religiosas etc., das manifestações intelectuais, artísticas
etc., que caracteriza uma sociedade: a cultura inca; a cultura helenística. Aplicação
do espírito a uma coisa: a cultura das ciências. Desenvolvimento das faculdades
naturais: a cultura do espírito. Apuro,
elegância: a cultura do estilo. Cultura de massa, conjunto dos fatos
ideológicos comuns a um grupo de pessoas considerado fora das distinções de
estrutura social, e difundido em seu seio por meio de técnicas industriais. Cultura física, desenvolvimento racional do
corpo por exercícios apropriados. (Dicionario Aurélio, 2011).
O conceito de cultura é bastante
complexo. Em uma visão antropológica, podemos defini-lo como rede de
significados que dão sentido ao mundo que cinge um indivíduo, ou seja, a
sociedade. Essa
rede engloba um conjunto de diversos aspectos como: crenças, valores, costumes,
leis, moral, línguas e etc.[N4] Nesse sentido, podemos chegar à conclusão de que é impossível que
um indivíduo não tenha cultura, afinal, ninguém nasce e permanece fora de um
contexto social, seja ele qual for. Também podemos dizer que considerar uma
determinada cultura (a cultura ocidental, por exemplo) como um modelo a ser seguido
por todos é uma visão extremamente etnocêntrica, egoísta e absoleta.
Sabemos que a formação étnica do Brasil
denominou-se basicamente por três povos diferentes; o branco europeu, o negro africano[N5] e o
índio brasileiro, de modo que para falarmos da formação cultural do nosso povo
faz-se necessário conhecer e compreender o passado histórico colonial do
Brasil. Geralmente a cultura do dominador é intuitiva no objetivo não só de aspirar
benefícios econômicos, mas também de difundir seus valores culturais, sociais,
religiosos e ideológicos. Gilberto Freyre afirma que.
Quando, em 1532, se organizou econômica e civilmente a sociedade
brasileira, já foi depois de um século inteiro de contato dos portugueses com
os trópicos; de demonstrada na Índia e na África sua aptidão para a vida
tropical. Formou-se na América tropical uma sociedade agrária na estrutura,
escravocrata na técnica de exploração econômica, híbrida de índio, e mais tarde
de negro, na composição. (FREIRE, 2003, p.172).
Desse modo, os portugueses ao chegarem aqui
no Brasil não trouxeram consigo somente o desejo de colonizar a nova terra e
tirar proveitos econômicos. Por conseguinte, juntamente com a coroa portuguesa
estava a Igreja Católica que almeja evangelizar os nativos e conseqüentemente
expandir o cristianismo. Por isso,
Gilberto nos impele a questão religiosa traga pelos europeus para o novo
continente como uma ferramenta de imposição cultural e colonial. Pode-se perceber
que a intenção da coroa portuguesa de dominar foi algo bastante pragmático.
Todavia foi no ambiente agrário do senhor e do escravo que a cultura popular
brasileira se configurou.
No Brasil, a catedral
ou a igreja mais poderosa que o próprio rei seria substituída pela casa-grande
de engenho. Nossa formação social, tanto quanto a portuguesa, fez-se pela
solidariedade de ideal ou de fé religiosa, que nos supriu a lassidão de nexo
político ou de consciência de raça. Mas a igreja que age na formação brasileira,
não é o bispo... Mas é a capela de engenho. (FREYRE, 2003, p.271.).
Além
da mobilidade, o português tinha a capacidade de se misturar facilmente com
outras raças. Os homens vinham sem família, sozinhos. Chegavam carentes de
contato humano e começavam a se reproduzir primeiro com as índias e depois com
as negras escravas. Era preciso povoar o território. No momento em que embarcou
na aventura ultramarina, Portugal tinha três milhões de habitantes. O Brasil
era imenso; então, como povoar esse território? A solução era miscigenar.
Freyre relata o comportamento sexual do brasileiro no Brasil colônia. Todavia, salienta
o contato sexual do branco com as negras africanas. Podemos refletir acerca do
comportamento extrovertido do nosso povo, a seu apetite sexual exagerado.
Costuma dizer-se que a civilização e a sifilização andam juntas. O
Brasil, entretanto, parece ter-se sifilizado antes de se haver civilizado. A
contaminação da sífilis em massa ocorreria nas senzalas, mas não que o negro já
viesse contaminado. Foram os senhores das casas-grandes que contaminaram as
negras das senzalas. Por muito tempo dominou no Brasil a crença de que para um
sifilítico não há melhor depurativo que uma negrinha virgem[N6] . (FREYRE,
2003, p.401.).
Os colonizadores precisavam de uma mão de
obra barata para colonizar a nova terra, portanto, buscaram negros africanos
afinal além de serem aptos ao trabalho gerava muitos lucros para os mercadores.
Dessa forma, juntamente com tal ferramenta de trabalho, “os negros”, em cada
pessoa escravizada existia uma história, valores, costumes e princípios, desta
forma ao chegarem aqui no Brasil os negros incorporaram os seus costumes, ritos
e crenças na sociedade brasileira. Tendo em vista que um processo de formação
cultural não acontece em uma ou duas décadas, mas é um processo paulatino. Daí
salienta Ribeiro.
Nossa matriz africana
é a mais abrasileirada delas. Já na primeira geração, o negro, nascido aqui, é
um brasileiro. O era antes mesmo de o brasileiro existir, reconhecido e assumido
como tal. O era, porque só aqui ele saberia viver, falando como sua língua do
amo. Língua que não só difundiu e fixou nas áreas onde mais se concentrou, mas
amoldou, fazendo do idioma do Brasil um português falado por bocas negras, o
que se constata ouvindo o sotaque de Lisboa e o de Luanda. (RIBEIRO, 1995, p.
14).
De forma que com o passar do tempo, a cultura
brasileira foi se configurando aos poucos sendo inebriada de diferentes
elementos multiculturais. Assim diz Darcy Ribeiro que o brasileiro é um povo
novo.
Novo
porque surge como uma etnia nacional, diferenciada culturalmente de suas
matrizes formadoras, fortemente mestiça, dinamizada por uma cultura sincrética
e singularizada pela redefinição de traços culturais delas oriundos. Também
novo porque se vê a si mesmo e é visto como uma gente nova, um novo gênero
humano diferente de quantos existam. Povo novo ainda, porque é um novo modelo
de estruturação societária, que inaugura uma forma singular de organização
sócio-econômico, fundada num tipo renovado de escravismo e numa servidão
continuada ao mercado mundial. Novo, inclusive, pela inverossímil alegria e
espantosa vontade de felicidade, num povo tão sacrificado, que alenta e comove
a todos os brasileiros. (RIBEIRO, 1996, p. 19)
Os europeus tinham uma visão de supremacia
racial, cultural e social em relação ao restante do mundo, tendo em vista que
ao chegarem aqui no Brasil não houve relativismo cultural, ao contrario houve
uma imposição cultural, a superioridade européia suprimiu as outras culturas
existentes, predominando desse modo o modelo ocidental de ser e pensar.
Contudo, a influência cultural dos índios que aqui habitavam apesar de serem
considerados nativos e selvagens eles tinham uma cultura muito rica de detalhes
e valores sociais. Dessa forma, Ribeiro demonstra alguns costumes dos índios
incorporados na sociedade.
A
função do cunhadismo na sua nova inserção civilizatória foi fazer surgir a
numerosa camada de gente mestiça que efetivamente ocupou o Brasil. É crível até
que a colonização pudesse ser feita através do desenvolvimento dessa prática.
Tinha o defeito, porém, de ser acessível a qualquer europeu desembarcado junto
às aldeias indígenas. Isso efetivamente ocorreu, pondo em movimento um número
crescente de navios e incorporando a indiada ao sistema mercantil de produção.
Para Portugal é que representou uma ameaça, já que estava perdendo sua
conquista para armadores franceses, holandeses, ingleses e alemães, cujos
navios já sabiam onde buscar sua carga. (, RIBEIRO 1996, p. 82).
Sendo assim, alguns costumes dos nativos
foram absolvidos pela cultura lusitana apesar de toda resistência e imposição
cultural eurocêntrica. Todavia, a
influência dos índios mudou os rumos da cultura brasileira ao longo do tempo.
Nenhum povo que
passasse por isso como sua rotina de vida, através de séculos, sairia dela sem
ficar marcado indelevelmente. Todos nós, brasileiros, somos carne da carne
daqueles pretos e índios supliciados. Todos nós brasileiros somos, por igual a
mão possessa que os supliciou. A doçura mais terna e a crueldade mais atroz
aqui se conjugaram para fazer de nós a gente sentida e sofrida que somos e a
gente insensível e brutal, que também somos. Descendentes de escravos e de senhores[N7] de escravos seremos
sempre servos da marginalidade destilada e instalada em nós, tanto pelo
sentimento da dor intencionalmente produzida para doer mais, quanto pelo
exercício da brutalidade sobre homens, sobre mulheres, sobre crianças
convertidas em pasto de nossa fúria. (RIBEIRO 1996, p. 120).
Nas fazendas de cana ou nas minas de ouro (a partir
do século XVIII), os escravos eram tratados da pior
forma possível. Trabalhavam muito, de quatorze a dezesseis horas, o que se
tornou o principal motivo dos escravos fugirem; outro motivo eram os castigos e
o outro era porque recebiam apenas trapos de roupa e[N8] uma alimentação de péssima qualidade (recebiam pouca
comida e no máximo duas vezes por dia). Passavam as noites nas senzalas (galpões escuros, úmidos e com pouca
higiene) acorrentados para evitar fugas. Eram constantemente castigados fisicamente (quando um
escravo se distraía no trabalho ou por outros motivos, eram amarrados em um
tronco de árvore e açoitados, as vezes, até perderem os
sentidos); torturando-os fisicamente e psicologicamente, os senhores e seus algozes buscavam destruir os valores do
negro [N9] e forçá-lo a aceitar a idéia da superioridade da raça
branca sendo que o açoite era a punição mais comum no Brasil Colônia.
Conhecem-se casos no Brasil casos não só de
predileção, mas de exclusivismo: homens brancos que só gozam com negra[N10] .
De rapaz de família importante de Pernambuco conta a tradição que foi
impossível aos pais promoverem-lhe o casamento com primas ou outras moças
brancas de família igualmente ilustres. Só queria saber de molecas. (FREYRE, 2003, p.271).
O Brasil não se limitou a recolher da áfrica
a lama de gente preta que lhe fecundou os canaviais e os cafezais; que lhe
amaciou a terra seca; que lhe completou a riqueza das manchas do massapé.
Vieram-lhe da áfrica donas de casa para seus colonos sem mulher branca; técnicos
para as minas; artífices
em ferro;[N11]
negros entendidos para a criação de gado e na indústria pastoril. (FREYRE, 2003,
p.391).
Os
negros eram tratados como instrumentos de trabalho, mercadorias, escravos
sexuais tendo em vista que as mulheres negras além de executarem os trabalhos
domésticos eram usadas como parceiras sexuais dos patrões e do capataz das
fazendas. “Entre esses escravos os senhores favoreciam a dissolução para
aumentarem o numero de crias como quem promove o acréscimo de um rebanho”. (FREYRE, 2003, p.399). De modo que um dos motivos da miscigenação no
Brasil ter se configurado com tanta precisão foi os elos de relações sexuais
entre homens brancos e mulheres negras e vice-versa. Por isso, salienta Freyre.
Podemos
definir a Fé como um conjunto de crenças e princípios existentes em uma
determinada religião que presta culto a uma divindade. Desta forma, o
brasileiro em especial tem uma fé mística, apesar de sermos considerados uns
dos países mais cristãos do mundo podemos perceber a influência das religiões
de matriz africana em todos os cultos cristãos e até mesmo espíritas. Freyre (2003)
demonstra a origem do folclore brasileiro arraigados de influencias africanos. Portanto, tem que se levar
em conta que a religião africana faz parte da nossa cultura, CEREJA, (20003, p.203)
relata sobre o candomblé no Brasil, sendo uma herança cultural de forte
influencia no Brasil.
Uma
das festas mais conhecidas do candomblé brasileiro é a de Iemanjá, orixá
feminino considerado a rainha dos mares e oceanos. A comemoração acontece no dia
2 de fevereiro, na Bahia, e na noite de 31 de dezembro, no Rio de Janeiro. Os
devotos levam oferendas ao mar, e, segundo a tradição, Iemanjá surge envolta em
espuma para recebê-la Nos terreiros, além de chefiar os rituais, os
pais-de-santo e as mães-de-santo recebem os fiéis em sessões individuais para
revelar o orixá de cada um, tradicionalmente pelo jogo de búzios. A
identificação do orixá, ou santo no sincretismo, ajuda o fiel a entender a
própria personalidade. Para o fiel, cultuar o Candomblé significa equilibrar
suas energias (axés) com as energias de seu orixá.
Buscamos a contribuição de conhecedores da
matéria enquanto cultura, candomblé, umbanda, quimbanda, se existem mestres de
outras expressões que têm essas práticas. Desse modo, poderemos entender melhor
a mentalidade religiosa do brasileiro.
A
religião mais perseguida e reprovada na história do Brasil com certeza são as
religiões de matriz africana, contudo, o povo negro resistiu e implantou
indiretamente na inconsciente coletivo do brasileiro as suas crenças, valores e
princípios religiosos. “Assim são Benedito[N12] se sabe que é, no Brasil desde dias remotos, “santo
de negro”, como santo Onofre é santo de pobre”. (FREYRE, 2003, p.503). Assim
percebemos que o negro inicia a sua saga rumo ao sincretismo religioso, uma
forma de resposta e edificação dos seus costumes, embora exista uma imposição
cultural por parte dos portugueses[N13] .
Em 04 de abril de 1755, d. José, rei de Portugal,
assina decreto que autoriza a miscigenação de portugueses com índios.
"Faço saber aos que este meu Alvará de Lei virem, considerando o quanto
convém, que os meus reais domínios da América se povoem e para este fim pode
concorrer muito a comunicação com os índios por meio de casamentos",
destaca o texto da lei logo no começo.
A
mais terrível de nossas heranças é esta de levar sempre conosco a cicatriz de
torturador impressa na alma e pronta a explodir na brutalidade racista e
classista. Ela é que incandescente, ainda hoje, em tanta autoridade brasileira
predisposta a torturar, seviciar e machucar os pobres que lhes caem às mãos. (Ribeiro,
1996, p.120.
A individualidade é uma conquista demorada e sofrida,
formada de heranças e aquisições culturais, de atitudes aprendidas e inventadas
e de formas de agir e de reagir, uma construção que, ao mesmo tempo, é social,
emocional e intelectual, mas constitui um patrimônio privado, cujo valor
intrínseco não muda a avaliação extrínseca, nem a valoração objetiva da pessoa,
diante de outro olhar. No Brasil, onde a cidadania é, geralmente, mutilada, o
caso dos negros é emblemático. Os interesses cristalizados, que produziram
convicções escravocratas arraigadas, mantêm os estereótipos, que não ficam no
limite do simbólico, incidindo sobre os demais aspectos das relações sociais.
Na esfera pública, o corpo acaba por ter um peso maior do que o espírito na
formação da socialidade e da sociabilidade.(SANTOS apud Mota,2005, p.198).
Redimensionando a
abordagem do tema, estes pesquisadores afastaram-se do debate sobre os modos de
produção e de grandes interpretações do processo social, para analisar os
significados históricos das lutas escravas enfocando o ponto de vista dos
cativos e dos libertos. A possibilidade de ser posto à venda, por exemplo, era
algo constante na vida de homens e mulheres escravizados. Trocar de senhor
podia significar então muitas coisas: com uma venda podiam ser alteradas as
condições de vida e de trabalho, laços familiares e amizades. Alianças diversas
podiam ser desfeitas, acordos rompidos e conquistas perdidas. Mas os escravos
não viviam este processo de forma passiva, como uma simples mercadoria. (MOTA, 2005,
p.403).
Há uma frequente indagação sobre como é ser negro em
outros lugares, forma de perguntar, também, se isso é diferente de ser negro no
Brasil. As peripécias da vida levaram-nos a viver em quatro continentes,
Europa, Américas, África e Ásia, serja como quase transeunte, isto é,
conferencista, seja como orador, na qualidade de professor e pesquisador. Desse
modo, tivemos a experiência de ser negro em diversos países e de constatar algumas
das manifestações dos choques culturais correspondentes. Cada uma dessas
vivências foi diferente de qualquer outra, e todas elas diversas da própria
experiência brasileira.(idem).
Em
qualquer lugar do mundo as pessoas sabem que existe um país chamado Brasil, com
um povo singular, alegres e felizes apesar de todos os problemas que temos
pode-se dizer que somos felizes. A nossa etnia formada por diferentes povos
propiciou a configuração de um povo extrovertido, que gosta de ir a festas,
gostam de samba, forró e etc., sendo esta uma das heranças de negros indígenas
que em suas festas ancestrais pulavam e dançavam dias sem parar. Somos
realmente o país do carnaval, o maior espetáculo da terra, com lindas fantasias
e muitas historias criativas,mas somos também um povo que luta, trabalha estuda
e projeta uma meta como nação. Se Deus quiser um dia seremos uma nação mais
justa e com igualdade para todos.
O que significa ser
brasileiro e o que é o Brasil no mundo de hoje? Somos um povo ainda na busca de
um destino e uma identidade? Essas são algumas perguntas muito bem questionadas
e respondidas na obra prima de Darcy Ribeiro: “O Povo Brasileiro: a formação e
o sentido do Brasil”, livro editado pela Companhia das Letras em 1995 em São Paulo. Trata-se
da última grande obra deste importante pensador brasileiro. Um trabalho
extremamente maduro e realizado com confiança e determinação. Somos um povo que
teve sempre suas aspirações jamais levadas em conta em nome dos interesses da
prosperidade empresarial exportadora. Um povo que teve como base uma força de
trabalho afundada no atraso e na pobreza. Nossos povos tribais sofreram um enorme
genocídio e os negros escravos uma das piores condições de vida já existentes.
No entanto, surpreendentemente, essa massa de negros, mulatos e caboclos criou
a etnia brasileira, um dos povos mais criativos do mundo. (FERREIRA apud Mota,
2005, p.301.)
A identidade nacional
brasileira não é uma só. As suas dimensões política e cultural, em particular,
não têm caminhado juntas. Nem remetem a um mesmo espírito, à diferença do que
acreditava Gilberto Freyre, para quem a tolerância mútua que reina na área
sócio-cultural das relações humanas de via se traduzir, com naturalidade, por
igual tolerância na área política: o liberalismo "nosso" não devia
nem podia fundamentar-se, como o liberalismo anglo-saxônico, na competição onde
ganha o melhor ou mais astuto, mas na conciliação harmoniosa das diferenças.
Não é bem assim: existe de fato, no Brasil, uma forma política da conciliação,
mas esta, longe de se definir pela tolerância mútua, descansa na cooptação mais
ou menos forçada do menos forte pelo mais forte.(idem).
A amabilidade de um povo resulta
na praticidade da convivência, integração e fusão, assim, a vida floresce e
renasce sob a forma da inter-relação entre os povos e sua gente, num processo
de seleção natural, procriando, nascendo e prosperando uma nova identidade
deste Ser singular e único no planeta terra, a Identidade de Povo brasileiro,
construindo de forma natural e abstrata, normas de conduta justa, numa grande
sociedade de homens livres, tendo como eixo e norte da nova Ordem Social, um
novo socialismo vivo, atual, integrado e fundido.
No sofrimento e angustia do dia a dia, renova-se as esperanças de dias melhores, Na alegria e espontaneidade sobrepõe o sorriso, a ginga e a malícia. No trato entre os seus, surge à camaradagem com fraternidade e o jeito hospedeiro de ser. Na dificuldade e no desconforto emerge o sentimento da compreensão e união com as benesses do dividir e compartilhar o que se têm.
No sofrimento e angustia do dia a dia, renova-se as esperanças de dias melhores, Na alegria e espontaneidade sobrepõe o sorriso, a ginga e a malícia. No trato entre os seus, surge à camaradagem com fraternidade e o jeito hospedeiro de ser. Na dificuldade e no desconforto emerge o sentimento da compreensão e união com as benesses do dividir e compartilhar o que se têm.
O sertanejo, por sua vez, também tem uma sociabilidade
admirável presente nas festas populares e forma hoje uma importante massa de
trabalhadores nos principais centros urbanos do país. Os caboclos
especializados na floresta tropical são peça essencial para a sobrevivência da
Amazônia e de possibilidades ecológicas interessantes para o mundo. No sul e em
São Paulo gaúchos e imigrantes se integraram na unificação nacional também
contribuindo com suas características sociais, intelectuais e culturais
próprias e abrasileiradas. O caipira, por sua vez, foi essencial para a
expansão do Brasil e em Minas Gerais criou a primeira sociedade burguesa e
urbana brasileira. (FERREIRA apud Mota, 2005, p.301.)
Devido a diversos grupos de imigrantes, os brasileiros possuem uma rica diversidade de culturas, que sintetizam as diversas etnias que formam o povo brasileiro. Por essa razão, não existe uma cultura brasileira homogênea, e sim um mosaico de diferentes vertentes culturais que formam, juntas, a cultura brasileira. É notório que, após mais de três séculos de colonização portuguesa, a cultura brasileira é, majoritariamente, de raiz lusitana.
É justamente essa
herança cultural lusa que compõe a cultura brasileira: são diferentes etnias,
porém, todos falam a mesma língua (o português) e,
quase todos, são cristãos, com largo
predomínio de católicos. Esta igualidade
lingüística e religiosa é um fato raro
para uma cultura como a brasileira.
O conceito de
nacional-popular não parece intrinsecamente vazio, ou contraditório. Como o
queriam outrora Renan, à direita, e Gramsci, à esquerda, pode haver em tese - e
provavelmente houve na história das "velhas" nações - união real,
embora parcial, do nacional e do popular. Ou seja, pode haver consenso popular
em torno de valores nacionais, e identidade nacional de quem participa desse
conceito. Deve-se reconhecer que, no âmbito cívico-político, o Brasil de hoje
destoa bastante desse tipo ideal do nacional-popular. O próprio êxito, relativo
embora, do "discurso nacional" e das identidades nacionais outorgadas
que ele fabrica, revela que ele se impõe - ou se impôs até o momento - num
semi-vácuo. Ou, mais exatamente, devido à impossibilidade secular em que se encontrava
a grande massa da população, de romper certos bloqueios históricos e de ter
acesso numa ação coletiva autônoma, geradora de uma nova identidade nacional.
Mas a idéia de que as massas são, no fundo, alheias à questão nacional (só lhes
interessariam as identidades de classe, ou de base), e por isso mesmo
superficialmente manipulável, esbarra em objeções. (CEREJA, (203, p.268).
Embora seja um país de colonização portuguesa, outros grupos étnicos
deixaram influências profundas na cultura nacional, destacando-se os povos indígenas, os africanos, os italianos
e os alemães. As influências indígenas e africanas
deixaram marcas no âmbito da música, da culinária,
no folclore
e nas festas populares. É evidente que algumas regiões receberam maior
contribuição desses povos: os estados do Norte têm
forte influência das culturas indígenas, enquanto certas regiões do Nordeste
têm uma cultura bastante africanizada.
No começo todos negros que viviam
no Brasil eram escravos vindos da África. Eles tiveram filhos que também foram
escravos, porque era parte da cultura deles a escravidão quando alguém tinha
divida, tendo menos resistência, e com isso os agricultores compravam eles para
trabalhar nas lavouras, no inicio nos engenhos de cana de açúcar, depois em
outros cultivos, como o café por exemplo. Para os agricultores era muito
vantajoso, por ser uma mão de obra barata, e eles somente gastavam com
alimento, e caso fossem desobedientes, seriam castigados severamente, as vezes,
até de formas desumanas.
Alguns negros resistiam, e fugiam
das fazendas dos seus donos, e formavam os quilombos, que eram comunidades
grandes de negros, escondidos no meio da mata fechada. Veja o comentário em que
é relatada a saga do marinheiro João Candido, negro e descontente com os maus
tratos na marinha brasileira no inicio do século XX. Desse modo, este
marinheiro se tornou símbolo da luta contra o racismo e o preconceito no
Brasil, tendo em vista que mesmo correndo o risco de ser duramente punido ele
não se calou, ao contrário construiu a sua história.
Depois de
quatro dias de negociações e ameaças, as reivindicações dos marinheiros foram
aceitas e o senado aprovou uma lei que anistiava os revoltosos. Alei não foi
cumprida e os castigos corporais voltaram a ser instituídos. A anistia foi
esquecida e os rebeldes oprimidos e duramente castigados. João Candido,
conhecido como o Almirante Negro, foi preso e internado em um hospício como
louco. (MOTA, 2005, p.336).
Assim como em outras áreas das ciências humanas, a história da
escravidão no Brasil tem presenciado inúmeros debates. No início dos anos 60, a idéia de que as
relações entre senhores e escravos haviam sido pautadas pelo paternalismo
benevolente dos senhores e que esta característica havia dado origem a uma
democracia racial no país foi duramente denunciada e questionada por pesquisas
históricas e sociológicas de grande envergadura. Importantes do ponto de vista
acadêmico e político, estas obras não apenas influenciaram todos os estudos
posteriores sobre o tema, como também marcaram profundamente a formação de
muitos militantes do movimento negro.
A
Cabanagem foi uma revolta popular que aconteceu entre os anos de 1835 e 1840 na
província do Grão-Pará (região norte do Brasil, atual estado do Pará). Recebeu
este nome, pois grande parte dos revoltosos era formada por pessoas pobres que
moravam em cabanas nas beiras dos rios da região. Estas pessoas eram chamadas
de cabanos. Segundo (MOTA, 2005, p.244), a cabanagem foi um movimento de
revolta popular que almejavam liberdade e justiça social.
No início do Período Regencial, a situação da população pobre do Grão-Pará era péssima. Mestiços, negros escravos, alforriados e índios viviam na miséria total. Sem trabalho e sem condições adequadas de vida, os cabanos sofriam em suas pobres cabanas às margens dos rios. Esta situação provocou o sentimento de abandono com relação ao governo central e ao mesmo tempo, muito revolta. Os comerciantes e fazendeiros da região também estavam descontentes, pois o governo regencial havia nomeado para a província um presidente que não agradava a elite local.
Embora por causas diferentes, os cabanos (índios e mestiços, na maioria) e os integrantes da elite local (comerciantes e fazendeiros) se uniram contra o governo regencial nesta revolta. O objetivo principal era a conquista da independência da província do Grão-Pará. Os cabanos pretendiam obter melhores condições de vida (trabalho, moradia, comida). Já os fazendeiros e comerciantes, que lideraram a revolta, pretendiam obter maior participação nas decisões administrativas e políticas da província.
Desse modo, percebemos que a etnia negra fez história no Brasil, é
um grande erro na historiografia brasileira mostrar o negro sempre como passivo
e escravo. Portanto, entendemos que a resistência do negro na nossa história
aconteceu em varias partes do Brasil, claro que não iremos citar todas as
revoltas, mas somente algumas com intuito de demonstrar que na historia dos
negros houve aqueles que aceitaram e os que se rebelaram ainda que em troca de
tal revolta perderam a vida em busca de um ideal.
Conjuração Baiana,
ou Conspiração dos Alfaiates, aconteceu em 1798, sob liderança do alfaiate João de Deus do
Nascimento homens humildes, quase todos mulatos, foram movidos por uma mescla
de republicanismo e ódio à desigualdade social e a miséria em que viviam dos 43 presos, quatro
foram enforcados. O movimento
envolveu indivíduos de setores urbanos e marginalizados na produção da riqueza
colonial, que se revoltaram contra o sistema
que lhes impedia perspectivas de ascensão social. O seu descontentamento
voltava-se contra a elevada carga de impostos cobrada
pela Coroa portuguesa e contra o sistema escravista
colonial, o que tornava as suas reivindicações particularmente perturbadoras
para as elites. A revolta resultou em um dos projetos mais radicais do período
colonial, propondo idealmente uma nova sociedade igualitária e democrática. Foi
barbaramente punida pela Coroa de Portugal. Este movimento, entretanto, deixou
profundas marcas na sociedade soteropolitana,
a ponto tal que o movimento emancipacionista eclodiu novamente, em 1821, culminando na guerra pela Independência
da Bahia, concretizada em 2
de julho de 1823, formando
parte da nação que emancipara-se a 7 de setembro do ano
anterior, sob império de D.
Pedro I. (MOTA, 2005, p.246).
Ressaltamos a importância de refletir sobre a resistência do negro
no período do Brasil colonial, claro que o nosso tema é sobre a cultura negra e
a formação do povo brasileiro, dai podemos dizer que a força do nosso povo, o
espírito de luta, a vontade de vencer veio dos nossos antepassados negros que
apesar do sofrimento não desistiam de lutar. Ainda sobre a resistência dos
negros veremos o relato da revolta dos Malês na Bahia.
Durante as primeiras décadas do século
XIX várias rebeliões de escravos explodiram na província da Bahia. A mais
importante delas foi a dos Malês, uma rebelião de caráter racial, contra a
escravidão e a imposição da religião católica, que ocorreu em Salvador, em
janeiro de 1835. Nessa época, a cidade de Salvador tinha cerca de metade de sua
população composta por negros escravos ou libertos, das mais variadas culturas
e procedências africanas, dentre as quais a islâmica, como os haussas e os nagôs.
Em janeiro de 1835 um grupo de cerca de 1500 negros, liderados pelos muçulmanos
Manuel Calafate, Aprígio, Pai Inácio, dentre outros, armou uma conspiração com
o objetivo de libertar seus companheiros islâmicos e matar brancos e mulatos
considerados traidores, marcada para estourar no dia 25 daquele mesmo mês. No
confronto morreram sete integrantes das tropas oficiais e setenta do lado dos
negros. Duzentos escravos foram levados aos tribunais. Suas condenações
variaram entre a pena de morte, os trabalhos forçados, o degredo e os açoites,
mas todos foram barbaramente torturados, alguns até a morte. Mais de quinhentos
africanos foram expulsos do Brasil e levados de volta à África. (MOTA, 2005, p.
221).
Portanto, a situação dos negros
em Salvador era peculiar. Muitos deles, cerca de metade da população da cidade,
exerciam pequenos ofícios rentáveis: eram alfaiates, carpinteiros, vendedores ambulantes,
acendedores de lampião. Esses trabalhadores
deviam parte de seus ganhos a seus senhores e chegavam, em alguns casos, a
comprar a liberdade. Entretanto, mesmo libertos, os negros eram tratados com
desprezo e não tinham qualquer possibilidade de ascensão social. Esta situação
levou-os a se revoltarem contra os dominadores brancos e seus subordinados mulatos.
Contudo, a mais importante
dessas revoltas ocorreu em janeiro de 1835. Organizada por africanos de
formação muçulmana, os Malês, a rebelião foi dizimada
pelas tropas do governo, com o apoio das classes dominantes baianas. Muitos
negros foram presos, torturados e mortos. Foram
proibidos de circular à noite pelas ruas da capital e de praticar suas cerimônias
religiosas típicas. Em síntese estas foram algumas histórias de força e
resistência de grupos de negros que resistiram a escravidão, e nunca poderemos
esquecer de Zumbir do Palmares, o negro que representa o símbolo da resistência
negra no Brasil.
Ao concluir este trabalho de pesquisa acadêmica,
podemos perceber a importância da pesquisa acadêmica como meio de resgate e
preservação da memória local e basicamente a memória cultural e histórica do
povo brasileiro. A nossa pesquisa foi
direcionada em analisar a formação cultural do povo brasileiro, dando ênfase a
influencia da cultura afro na formação do nosso povo.
Portanto, no inicio da colonização, a sociedade
brasileira era sumariamente rural e aristocrata e foi neste cenário social da
casa-grande e da senzala é que se formaram as matrizes étnicas do Brasil. Percebemos
também que a nossa cultura é múltipla e tem influencia de vários elementos,
sendo os três principais grupos étnicos formado por: negros, brancos e índios
os quais se configuraram na formação do povo brasileiro.
Em suma, entendemos que o elemento dominante na
formação cultural foi o branco português, contudo, a cultura do negro foi bem
mais resistente, o sangue do negro penetrou não só as veias do nosso povo, mas,
adentrou em toda a cultura, incluindo ritmos, princípios, credos e valores.
Desse modo, somos um povo de formação européia, porém temos uma alma africana.
Em síntese, os nossos documentos etnográficos dão
pouca ênfase ao elemento negro na formação da nossa brasilidade, o que leva
muitas pessoas a negarem as suas origem negra, muitos afirmam somente que são morenos ou pardos, e isto remete a uma
origem indígena e não africana, haja vista que a memória do passado escravocrata tem sido esquecida em
detrimento de uma cultura de imigrantes europeus, isto reflete a negação da
nossa memória histórica.
Nesse sentido, a memória é um elemento presente nas
sociedades e é carregado pelos grupos de homens e mulheres e fundamentam sua identidade. A memória pode ser evocada
por estes grupos de acordo com seus interesses, e por isso suscetível a
manipulação. Também Pode ser esquecida, dependendo do local e do que ela traz a
tona. É muito comum encontrar um silenciamento nas sociedades que virão de
perto horrores da guerra, o esquecimento e o vazio de uma memória que se
esconde na lembrança que luta pra ser esquecida.
No Brasil, podemos citar o exemplo do mito da
democracia racial, que se tornou uma memória forjada por uma elite dominante,
que manipulou durante quase um século a
historia de homens e mulheres negras, que apenas agora, por meio da luta dos
movimentos sociais tentativa de
conquistar o espaço e a inclusão social. Em suma, a memória opera na esfera da
lembrança e do esquecimento, de acordo com os interesses dos grupos sociais.
Assim, percebemos que a cultura dominante, tentou ao
longo do tempo apagar a memória do passado colonial do nosso povo, de um lado a
elite dominante almejava apagar da nossa historia o legado cultural da
crueldade e da segregação racial que o processo escravocrata provocou na
sociedade como um todo. Por outro lado, o inconsciente coletivo dos afros
descendentes se esforçaram para apagar da memória a sua historia, uma etapa de dor, sofrimento
e humilhação.
Desse modo, entendemos que a historia continua sendo
construída, tanto pela elite quanto pela população em geral, porem não se pode
apagar a memória histórica em detrimento
de um futuro utópico, como por exemplo somos o “país das mulatas, do carnaval e
do futebol”. Todavia, somos o país do futuro, porem não se pode esquecer que o
futuro geralmente é planejado a partir da reconstrução da nossa memória, da
nossa identidade social e cultural.
Refletir sobre a formação cultural do povo brasileiro
foi uma ótima oportunidade de recriarmos o nosso legado cultural, repensado as
nossas origens, analisando os erros e acertos do passado, e a partir desses
parâmetros almejarmos, compreender quem somos e onde estamos e para onde
vamos. Portanto, compreendemos melhor o
processo de miscigenação do povo brasileiro, assim como a sua cultura e o seu
modo de ser. No Brasil geralmente se misturou de tudo um pouco, a cultura do
europeu civilizado e cristão, se misturou com o índio selvagem e impregnado de mitos e crenças.
Do lado africano tivemos o negro em sua totalidade,
o trabalho, a habilidade e resistência, assim como as suas tradições, crenças e
mitos. A cultura colonial foi um terreno fértil para a miscigenação no Brasil,
de forma que as duas cultuaras dominadas ideologicamente encontrou nas relações
sociais uma válvula de escape para resistir a imposição cultural do europeu: o
trabalho, as relações afetivas e as crenças do negro e do índio foi o ponto de
partida para o sincretismo de credos e
raças, a tão conhecida miscigenação.
Geralmente onde existe segregação racial sempre
surgem formas de resistência, no Brasil, por exemplo, absorveram a cultura
branca, afinal eram tribos de coletores e foram facilmente dominados. Porem, os
negros africanos vindos da áfrica, já tinham uma cultura mais sólida, muitos
eram reis, chefes de tribos, agricultores, pastores e etc. mediante tal
elevação cultural houve uma penetração dos costumes africanos na sociedade
brasileira, o exemplo disso são as benzedeiras que com suas rezas, simpatias e
feitiços implantou uma fé arraigada de crenças do candomblé no imaginário
social do povo brasileiro.
O Brasil colonial era uma terra inóspita onde se
tinham pequenas vilas e grandes plantações de café, cana-de-açúcar e criação de
gado, de modo que os objetivos dos colonizadores era apenas explorar a nova
terra e retirar lucros para a coroa portuguesa, por isso, não havia
investimentos em infra estrutura para a melhoria de vida da população, afinal
as poucas pessoas que aqui residiam e eram consideradas cidadãs eram brancos, católicos
e evidentemente portugueses.
A religião africana foi a base a base cultural d
resistência dos negros, apesar da proibição que lhes foram impostas, os negros
disfarçadamente conseguiram mascarar os seus orixás com elementos co catolicismo, afinal, a coroa portuguesa
tinha a plena consciência de que para dominar
um povo é necessário alem do uso da força política, precisaria
conseqüentemente impor a sua cultura.
Hoje, apesar das injustiças sociais somos um país
que existe liberdade de expressão, apesar de ainda existir grande parte da
população a qual vive na pobreza extrema e infelizmente essa pobreza tem etnia
e classe social, geralmente são negros ou afro descentes e mulheres e etc. os
quais continuam morando em viadutos, favelas, pontes e etc., de modo que tal
exclusão vem-se arrastando desde o fim da monarquia petrina no Brasil, em sua
obra, Casa-grande e Senzala, Gilberto freire não relatou a questão da pobreza e
do preconceito, talvez este é o leque que faltou para completar a obra.
O incrível é que 123 anos se passaram desde que lei
áurea promulgada pela então Princesa
Isabel, varias gerações se passaram e a maioria
dos descendentes de escravos não conseguiram se emancipar enquanto cidadão brasileiro,
isto porque ao longo de todo este tempo não houve por parte do estado nenhuma
política de inclusão social do negro na sociedade. O estado brasileiro
demonstrou total indiferença em relação às desigualdades sociais existentes
nesse país.
Somente no inicio do século XXI é que se teve inicio
a uma política de inclusão social como
por exemplo, as cotas nas universidades para negros, índios e afro descendentes,
sendo este esforço uma tentativa de consolidar a inclusão de todos os
brasileiros na universidade, mas será que este é o caminho? Pensemos, será que
o Brasil decidiu tarde demais? Em síntese, estamos tentando fazer um breve
relato sobre este tema tão rico e tão vasto que é a cultura africana e suas
respectivas influencias, mas, diga-se de passagem, que o desprezo pelo tema é
tão grande que o aluno pensa dez vezes se Vale apena trabalhar o referido
assunto.
Em suma, falar sobre a nossa formação cultural
desperta no pesquisador um sentimento patriótico, afinal estamos mexendo no
passado de todos os brasileiros, atualmente ousamos afirmar que 60% da
população do Brasil é de origem negra e quando estamos refletindo sobre o mesmo estamos reconstruindo a nossa memória
histórica. Mesmo sabendo que o preconceito é algo real no Brasil é hora de todos os brasileiros que
são conscientes da nossa brasilidade, principalmente os educadores se
incumbiram de formar cidadãos sensibilizados em combater o preconceito e a
exclusão racial, afinal consciência em relação ao problema todos nós temos, o
que falta é a sensibilidade de tentarmos combater o racismo em suas raízes.
No Brasil existem alguns protótipos em relação ao
negro deve ser combatido, como por exemplo, as profissões como cozinheiro,
babá, porteiro, lixeiro, coveiro e etc. infelizmente isto ainda é mantido
principalmente pela mídia nacional, basta refletirmos um pouco, e veremos que o
numero de jornalistas e atores negros são reduzidos e jamais aparecem como
protagonistas de um filme ou novelas é comum ver o negro na mídia brasileira
trabalhando como empregada doméstica, nunca como patrão, quando faz um papel ,
aparecem fazendo palhaçada, ou seja, o negro, o pobre em geral as vezes é
mostrada na mídia como o bobo da corte.
Os tempos passaram e as formas de segregar o outro
muda de estilo, mas o foco continua antes o preconceito, violência, era praticado
na casa-grande, nas senzalas e nos canaviais, hoje, o preconceito acontece é na
TV, na sala de aula, na internet, nas passarelas de moda,em suma, são nestes
novos cenários que o negro ainda é excluído inclusive dos grandes grupos
midiáticos do Brasil . Alias seremos obrigados a pensar na necessidade de se
ter uma mídia negra somente para negros como é o caso dos Estados Unidos, às
vezes para ser aceito em determinado grupo é preciso se impor culturalmente.
Em síntese, os negros ou pardos, brancos ou índios e
mulatos somos o resumo da nossa histórica miscigenação, da mistura de credos e
raças e somos todos protagonistas do futuro, no campo ou na cidade, na favela
ou nos condomínios, somos impelido a lutar por um Brasil mais justo e igualdade
para todos, afinal somos brasileiros, lutemos, vamos a luta, pra frente sem
esquecer a nossa memória e valorizar sempre o nosso passado.
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[N1]O
Brasil é um país democrático, mas pouco tolerante em relação às religiões de
matriz africana, o neopentecostalismo muitas vezes irracional provoca uma
cultura do preconceito religioso em nome de uma verdade eurocêntrica.
[N2]A
nação brasileira por exemplo, teve uma
formação cultural pautada na religiosidade tanto cristã quanto africana e
ameríndia. Assim se configurou a nossa identidade brasileira, de modo que
quanto mais entendermos a cultura afro,
melhor será a compreensão do povo brasileiro.
[N3]Aqui
em Alcobaça-ba, existe uma comunidade Quilombola que todos os anos no mês de
janeiro tem-se inicio o reisado do “boi de janeiro”. Uma manifestação de origem
portuguesa que é praticada por este grupo de pessoas há mais de 150 anos. Desde
os tempos da colônia que este grupo organiza tal festividade. Tem alguns
personagens responsáveis pela festa que vale destacar. Benedito de Zabé; João
do Bar; Damião de Bó e etc...
[N4]O
brasileiro é muito crente no sobrenatural, é muito comum os valores da religiosidade
africana no cotidiano do nosso povo: mau olhado, encostos, feitiço, despachos e
etc.
Os nossos costumes, como o modo de vestir, comer, se
divertir e falar estão repletos de africanidades.
[N5]Hoje
53% da população brasileira se auto declaram negros ou pardos, de modo que a
raça negra predomina em quantidade, mas ainda não é predominante na economia,
na politica e nos meios de cultura de massa.
[N6]O
Gilberto apesar de ter contribuído com a sua obra sobre a formação do povo
brasileiro,, percebemos que ao comentar sobre a miscigenação, o autor tem um
certo preconceito em relação ao contato de brancos e negros, isto é fruto da visão eurocêntrica de superioridade da
raça branca.
[N7]A
cidade de Alcobaça nasce e sobrevive do processo da escravatura eram muitas as
fazendas que produziam farinha, cachaça e etc, tudo com o braço dos pretos e
pardos escravos: Fazenda Serrinha, Fazenda Nova Jerusálem, Fazenda Cascata e
Fazenda Angelim, vale ressaltar que estas fazendas pertenciam a uma única
família dominante no século XIX em Alcobaça.
[N8]Na
fazenda Lagoa Encantada existe uma história muito bonita, de uma escrava que
foi comprada em Caravelas por um saco de farinha de tapioca, por isso, o seu
nome era Maria tapioca, o seu dono apaixonou-se por maria e teve três filhos
com esta escrava, de modo que segundo um dos descendentes do patrão, Maria era
tão amada pelo seu senhor que acabou a escravidão e ela continuou morando na
fazenda com o seu amo. Até hoje existe na comunidade do Portela os descendentes
desta escrava que são parentes dos Medeiros de Almeida.
[N9]Nas
mediações do Cachangá existia uma fazenda, cuja proprietária era “Chiquinha
Lora”, esta senhora queimava as crianças negras que nasciam, jogavam na
fornalha dos fornos de farinha, conta-se a lenda que o seu marido tinha um caso
com uma das escravas, por isso, ela tinha tanto ódio das crianças que nasciam..
[N11] Na fazenda
Jerusalém, tinha um homem escravo chamado João Boca de Fogo, ele era carpinteiro,
pedreiro e ferreiro, era um homem muito bondoso e construiu as “bolandeiras da
região”, uma máquina a tração animal usada para ralar mandioca e torrar
farinha.
[N12]Em
Alcobaça existem muitas comunidades que veneram São Benedito, existem muitos núcleos
que tiveram origem após a abolição: comunidade do Itaitinga, Apaga Fogo, comunidade
do Pinheiro, Canta Galo entre outras.
[N13]O
samba de Coro que é uma dança típica dos negros da região está morrendo,
somente os mais velhos que ainda sabem o que é. Outra tradição é a Ladainha de
Nossa Senhora que é rezada em latim, por pessoas analfabetas, rezam apenas por
devoção, mas não sabem o significado, este é um costume meramente das
comunidades negras da região de Alcobaça-Ba